“‘Papai, então me explica para que serve a história’. Assim um garoto, de quem gosto muito, interrogava há poucos anos o pai historiador.” A pergunta do garoto feita ao pai, contida no livro “Apologia da história” de Marc Bloch, demonstra a constante duvida de boa parte dos alunos em nossas escolas.
A globalização da economia e o rápido avanço tecnológico, característicos do nosso tempo, têm produzido mudanças aceleradas e contínuas, a velocidade da vida moderna faz com que tudo envelheça muito rapidamente e pareça sem valor para as novas gerações. Diante do domínio do tempo presente, o passado é desqualificado como experiência digna de conhecimento e interesse e condenado ao esquecimento. Daí surgem aquelas já conhecidas perguntas: para que serve a história? Por que eu estudo história? O que um acontecimento ocorrido a mais de 500 anos tem a ver comigo? Segundo o historiador Marc Bloch, já citado acima no texto, a incompreensão do presente nasce da ignorância do passado. Então, primeiramente, vamos conhecer um pouco as origens dos estudos da história e sua definição, para depois refletirmos sobre a importância do conhecimento histórico.
A história nasce no ceio da Grécia unida à filosofia, como forma de explicação racional dos fenômenos da vida humana em oposição ao pensamento mítico predominante. Heródoto é considerado o “pai da história”, por ter sido o primeiro a fazer investigações para tentar encontrar a verdade, na intenção de impedir que as ações realizadas pelos homens se apagassem com o tempo. Ele e os primeiros historiadores gregos vão fazer indagações entre seus contemporâneos, aproveitando, para escrever a história, também, as tradições orais e os registros escritos. Os cidadãos gregos querem conhecer a organização de suas cidades-estado e as transformações que elas sofrem.
Com o passar dos séculos, a história foi escrita de acordo com o tempo vivido por cada homem que se propôs a escrever sobre o passado e de diferentes aspectos. Durante o domínio romano, a história foi utilizada para enaltecer e proclamar a soberania e poder de Roma. Já na Idade Média, teve forte cunho teológico, tendo suas explicações sempre voltadas a uma visão teocentrica e daí por diante, normalmente utilizada para propagar a visão das elites sobre o seu próprio passado, o olhar do vencedor normalmente é o que prevalecia (fato que a historiografia contemporânea vem tentando modificar e está obtendo êxito). A história se torna ciência apenas no século XIX.
O que é História?
A função da história, desde seu início, foi a de fornecer à sociedade uma explicação sobre ela mesma, a história procura especificamente ver as transformações pelas quais passaram as sociedades humanas. A transformação é a essência da historia; quem olhar para trás, na história e sua própria vida, compreenderá isso facilmente.
A finalidade desse conhecimento não é explicar a razão de ser do homem na terra, não é dar uma justificativa do que aqui estamos fazendo. Sua finalidade é estudar e analisar o que realmente aconteceu e acontece com os homens, o que com eles se passa concretamente. Saber o que o homem fez em sociedade desde que está na Terra mostra muito sobre o próprio homem.
Conforme o presente que vivem os historiadores, são diferentes as perguntas que eles fazem ao passado e diferentes são os valores lançados ao passado. “A história é filha de seu tempo.”
O fato é que a história propriamente dita é uma construção ideológica que está sendo constantemente repensada e reordenada, pois tanto dominados e dominantes tem sua visão da história.
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Por: Marilson de Oliveira Siqueira